14/11 - Panteras Negras
50 anos do Partido dos Panteras Negras
Por Weber Lopes
O Black Panther Party (Partido dos Panteras Negras) foi uma organização que tinha como finalidade defender os negros norte-americanos por meio da autodefesa, a partir do grande conhecimento que tinham da Constituição dos Estados Unidos da América. Munidos de informações sobre os seus direitos, os Panteras Negras defendiam melhores condições de vida aos descendentes de africanos escravizados, lutavam contra a brutalização da polícia, enfrentavam a ideologia do racismo e denunciavam as desigualdades sociais. Seus organizadores, Huey P. Newton e Bobby Seale, acreditavam que era necessário criar uma organização que representasse os anseios dos oprimidos no sentido de superar as contradições sociais e em 15 de outubro de 1966 nasce os Partido dos Panteras Negras para Autodefesa, em Oakland.
A partir da consolidação dos Panteras, houve uma rápida expansão em todo o território norte-americano, inclusive no âmbito internacional, especialmente na Argélia, cujas principais representações foram Eldridge e Kathleen Cleaver.
A qualidade da organização do BPP devem ser um exemplo para todos aqueles que acreditam na possibilidade da autogestão. Foram capazes de organizar o o maior programa de café da manhã dos EUA. Suas disciplina e metodologia foram fundamentais para manter financeiramente a organização, desde a venda de livros, especialmente o livro vermelho da "revolução cultural" de Mao, passando pela comercialização de jornais e outras ações. Quem quisesse ingressar no BPP teria de se submeter às atividades realizadas nos guetos, além de mergulhar num repertório de leituras para ampliar o conhecimento, especialmente sobre política, história e economia, a partir dos referenciais teóricos, principalmente Marx, Lenin, Fannon e outros.
A repercussão dos Panteras foi tamanha nos Estados Unidos, ao ponto de agregar outras organizações sociais de natureza socialista, grupos de nativos norte-americanos que lutavam pela sua emancipação etc.
Em suma, o BPP expressava os interesses da classe trabalhadora na sua totalidade, ao ponto de se tornar o "inimigo público" dos EUA, segundo decretou o fundador do FBI E. J. Hoover.
A perspectiva dos Panteras foi um exemplo de luta que só pôde ser suplantado devido as ações encabeçadas pelo governo norte-americano através de um serviço de inteligência denominado COINTELPRO, que continha em seu pacote as seguintes medidas: desmantelamento dos Panteras no âmbito moral e físico e a "compra" de membros, com ofertas de recompensas monetárias a quem fornecesse informações sobre os Panteras; a política de infiltração também foi uma das ações do serviço de inteligência, sempre com a finalidade de adquirir informações privilegiadas sobre os Panteras. Além disso, o serviço de inteligência dos Estados Unidos da América difundiu drogas nos guetos para poder desmobilizar os Panteras, além de colocar as principais referências do Partido uns contra os outros, como por exemplo, a querela entre Huey e Eldridge Cleaver, que por meio de cartas falsificadas pelo FBI dez surgir discussões enviesadas entre os dois integrantes. Por fim, a decapitação dos Panteras ocorreu devido às práticas de criminalização dos integrantes, resultando em prisões, resultantes de assassinatos e outros crimes forjados por membros do FBI - não por acaso ainda hoje as prisões dos Estados Unidos estão lotadas de Panteras.
Embora os Panteras tenham se enfraquecido em razão da ofensiva do capital, essa organização deve ser lembrada não somente pela sua grandeza nas práticas realizadas, mas em virtude de ter demonstrado que é possível organizar uma sociedade onde não tenhamos outras formas de poder estranhados que sugam as capacidades humanas.
